segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Sem culpa meninas rsrsrs

PARA TIRAR A CULPA DA COMILANÇA

da série modos de macho 

O medo da fêmea diante da balança. Sim, você, amigo, sai com a pequena e ela só belisca, qual um passarinho, uns saudáveis farelos ou engole umas folhinhas sem graça. Que desgosto. Você caprichou na escolha do restaurante, acordou com água na boca por um prato que só você sabe onde encontrá-lo, quer fazer uma presença, fazer bonito com a cria da sua costela.
 Que desgosto, a gazela mira o ambiente com “nojinho”, de tão fresca. Uma estraga-prazeres, eclipse de um belo sabadão ensolarado.
 Ah, nada mais bonito do que uma mulher que come bem, com gosto, paladar nas alturas, lindamente derramada sobre um prato de comida, comida com sustança. Os olhinhos brilham, a prosa desliza entre a língua, os dentes, sonhos, o céu da boca. Ela toma uma caipirinha, a gente desce mais uma, sábado à tarde, nossa doce vida, nossos planos, mesmo na velha medida do possível.
Pior é que não é mais tão fácil assim encontrar esse tipo de criatura. Como ficou chato esse mundo em que a maioria das mulheres não come mais com gosto, talher firme entre os dedos finos, mãos feitas sob medida para um banquete nada platônico.
 Época chata essa. As mulheres não comem mais, ou, no mínimo, dão um trabalho desgraçado para engolir, na nossa companhia, alguma folhinha pálida de alface. E haja saladinha sem gosto, e dá-lhe rúcula!
A gente não sabe mais o que vem a ser o prazer de observar a amada degustando, quase de forma desesperada, um cozido, uma moqueca, uma feijoada completa, uma galinha à cabidela, massa, um chambaril, um sarapatel, um cuscuz marroquino/nordestino, um cabrito, um ossobuco, um bife à milanesa, um tutu na decência, mocotó, um baião de dois, uma costela no bafo, abafa o caso!
Foi embora aquela felicidade demonstrada por Clark Gable no filme ''Os Desajustados'', quando ele observa, morto de feliz, Marilyn Monroe devorando um prato de operário. E elogia a atitude da moça, loa bem merecida.
Além do prazer de vê-las comendo, pesquisas recentes mostram que as mulheres com taxas baixíssimas de colesterol costumam ser mais nervosas, dão mais trabalho em casa ou na rua, barraco à vista, intermináveis discussões de relação... Nada mais oportuno para convencê-las a voltar a comer, reiniciá-las nesse crime perfeito.
Moças de todas as geografias afetivas e gastronômicas, aos acarajés, às fogazzas, aos pastéis, aos cabritos assados e cozidos, ao  sanduíche de mortadela, à dobradinha à moda do Porto, ao lombo -de lamber os lábios!-, ao churrasco de domingo para orgulho do cunhado que capricha na carne e sabe a arte de gelar uma cerva. E aquela fava, meu Deus, com charque, enquanto derrete a manteiga de garrafa, último tango do agreste.
O importante é reabrir o apetite das moças, pois, repito, senhoras e senhores, o velhíssimo mantra: homem que é homem não sabe sequer -nem procura saber- a diferença entre estria e celulite.
Até a próxima e desejo a todas as mulheres um final de semana com  muita gula e todos os pecados capitais possíveis. Sem culpa, meninas!
  

Fica a dica, nada de fofolândia kkkkk

O homem fofo é o canalha de fato

POR XICO SÁ
18/07/14  00:31
Fritz_the_Cat
Ovídio, meu eficiente pombo correio do amor, não cansa de trazer mensagens e mais mensagens de corações trincados ou simplesmente descrentes nos homens. Ovídio arrulha, como se dissesse: meu amo, meu paciente conselheiro sentimental, te viras que a bronca é pesada. Novos ares, partiu, e lá se vai a avoante figura sobrevoando as encostas do morro do Cantagalo em busca de novas cartinhas.
O principal assunto das cartas que tenho recebido é o seguinte: o cara vem cheio de chabadabadás para cima das moças -principalmente nas redes sociais-, a conversa pega fogo, rola o encontro, o rapaz é fofo e carinhoso, o sexo para começo de história está ótimo, o menino joga na linguagem de um possível caso ou namoro, segue a vida, mais uma saída, um sexozinho gostoso de novo…
Alguns dão até presentinhos…
Fofo!!!
Aí do nada o desgraçado desaparece. Quebra geral a narrativa. Nem um sinal de tambor na floresta, necas de uma mensagenzinha, mesmo que sem graça, em uma garrafa atirada nos mares da internet.
A moça tenta um contato de terceiro grau. Nada. A moça, amigo, vos digo, não é uma desesperada que viu no encontro uma cena de matrimônio. Ao contrário. Estava na dela, tipo ele fala em casamento… ela toma uma coca zero. Nem aí mesmo.
Só fica puta da vida porque o miserável das costas ocas, o malassombro, não é claro no seu sumiço. Havia até falado em ver “O grande hotel Budapeste”, o filme, com a nega. Sem se falar em outras fofuras futuras etc.
Aí chegamos ao ponto, colega. Os fofos são os piores nesse aspecto. Só os fofos pulverizam o ambiente com o bom-ar das falsas promessas. Os fofos sentem a extrema necessidade de continuarem fofos. Amam ser elogiados pela utópica fofolândia que carregam no mapa imaginário de bolso.
Não vivem sem isso. São escravos da fofura ou da falsa e viciante fofura.
O cafajeste até deixa um certo suspense, afinal de contas sabe que o encontro de um homem e uma mulher é e sempre será dirigido pelo cineasta Hitchcock, mas o cafa não engana com os signos da fofice de um possível namoro. Todo cafa é apenas um budista -sem templo- que vive o momento amoroso.
O perigo, nesse sentido, amiga, vem do fofo. O que apenas prova que o contrário da cafajestice não é a fofura. O bom homem é, digamos assim, o homem normal, o homem da agricultura, da pecuária, o vaqueiro, o suburbano sem os arrotos do canalha-bouquet dos vinhos finos –mas aí já seria outra crônica.
O fofo pode ser sim um perigo. Sendo indie ou não.
O fofo sofre de um certo don-juanismo, a doença da conquista pelos bons modos e a boa impressão que causa. Aquele que faz a moça ligar para a amiga no dia seguinte e dizer, na euforia, “bicha, num acredito, o que é esse homem, tão sensível, curte literatura, ama o Morrissey…”
O fofo tem sangue frio na sua arquitetura da decepção. O fofo constrói todo um repertório de coincidência de meus livros, meus discos, minhas bandas etc.
Sumir todo mundo some, homem, mulher etc, mas na equação entre promessa e fuga ninguém supera a covardia –sentimental ou sexual- de um um homem dito fofo.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Corra Lola corra...

Novos e velhos tipos de homem-roubada

POR XICOSA
07/01/13  12:31

Todo começo de ano, como serviço de utilidade pública, alertamos  sobre tipinhos de alta periculosidade. Agora não será diferente, em edição revista e ampliada, velhos tipos e algumas confissões de fraqueza deste cronista:

Homem-gourmet – A cerveja dele é gourmet,  o café é gourmet, até a água é gourmet. Se tudo é gourmet, perdão pela grosseria, mas nada de te comer. Corra, Lola, corra.
Homem-ocupação - É o tipo que sempre tem uma causa. Ótimo. O mundo carece destes homens de boa vontade. O problema é que de tanto salvar o mundo, ele esquece justamente de você. Desocupa a área, Lola, desocupa.
Homem de predinho antigo – Até este macho-jurubeba que vos fala já capitulou e mora em um destes endereços. E logo eu que dizia que todo homem que habita um predinho é, para dizer o mínimo, um metrossexual enrustido.
O pior não é morar em tal lugar. O que mais dói é quando ele pronuncia, como toda a afetação desse mundo, que mora num “predinho-antigo-charmoso”. Pelo menos desse mal não padeço.
O cenário do homem de predinho antigo é o seguinte: você entra, resistente leitora, e avista logo umas revistas chiques estrangeiras espalhadas pela sala, tipo “ID”, “Wallpaper” etc.
O cara manja de decoração e entende de iluminação indireta. É cada luminária de design que só vendo! Possui também cadeiras ou poltroninhas de grife, aqueles estranhos móveis com nome de gente.
Sim, habito um predinho antigo, mas, fora um ou outro presente das moças, pelo menos no critério decoração mantenho a integridade jurubebística.
Homem-hortinha – Aquele mancebo que, ao receber as moças elegantemente para um jantar, usa o manjericão cultivado na própria hortinha que mantém no quintal ou na área de serviço.
Cultivar o próprio manjericão não é exatamente o defeito do rapaz. O problema é que ele passa duas horas a discorrer sobre o cultivo da hortinha. Uma amiga, coitada, conheceu um destes exemplares que cultivava até a própria minhoca usado como “fator adubante” da própria hortinha.  Corra, Lola, avoe, mina!
Homem-bouquet – Aquele macho que entende de vinhos finos, abre a garrafa cheio de drama e nove-horas, cheira a rolha, balança na taça, sente o bouquet e curte o amadeirado. Gostar de vinho bom, velho Baco, não é um delito. Pecado mesmo é arrotar esse conhecimento por horas nas oiças da moça. Dispare, Lola, dispare enquanto é tempo.
Homem-Ossanha – Trata-se daquela cara que repete o comportamento da música “Canto de Ossanha”, como no samba de Vinícius de Moraes e Baden Powell: “O homem que diz vou/ Não vai!” O cara que assanha e cai fora.
Esse cara já fui eu, fomos, não é, amigo? Haja carapuça. Todo macho tem seu momento de frouxo. O mal é manter esse comportamento como regra, caso da maioria dos homens do nosso tempo. Vaza, Lola, vaza!

"Mulher é parte pelo todo..."


Vestida para matar: o poder de um vestido

POR XICOSA
06/02/14  02:29
yves
Ou ainda “Vista a roupa meu bem e vamos nos casar”, na voz propositadamente nasalada de Roberto.
Agora falando sério. A ruiva do Leme quase me atropela. De vestido e bicicleta. Abestalhei-me, é verdade, não aguento uma mulher que pedala de vestidinho colorido. Um perigo do verão do Rio de Janeiro. Pense na manchete do jornal “Meia-hora”: Babou pela ruiva e caiu nos braços da Velha-da-foice.
Ainda morro disso.
Tubinhos, pretinhos básicos, com e sem alça, os brejeiros de chita.
E o tomara-que-caia, amigo, você já testemunhou a queda de pelo menos uma alça dessas na vida? É lenda. Por mais que seque, só vi uma peça  do gênero despencar na minha frente, em uma festa em São Paulo. Inesquecível.
Assim como lembro da melhor cena de novela de todos os tempos: Sônia Braga, de vestido, óbvio, trepada no telhado, gata mestiça no cio arranhando minhas goteiras d´alma, ave!, na originalíssima “Gabriela”.
Pelo uso permanente dos vestidos!  Excelentes para uma safadeza gostosa, viver é bolinação e beijo na boca, em uma viagem de ônibus.
No cinema, para ver um daqueles filmes que não exigem muita atenção, idem ibidem.
As meninas de Olinda são as mais sabidas do mundo no uso destas vestes. É de nascença. Como dançam lindamente nos shows de Catarina Deejah, a mais completa selvageria da música dos trópicos!
Aos vestidos, princesas. Pule dentro de um agora, Lola, não escapula.
Contra a praticidade burocrática das Evas modernas e suas calças, suas saias austeras e seus tailleurs, essas peças apolíneas que batem a carteira de Vênus, roubam a alma de Eros.
De tão neoliberais, os tailleurs são capazes de sair sozinhos para o trabalho….
Nada nos cai tão bem ao desejo quanto um vestido.
Todo homem ama passear com uma mulher com a mais linda dessas peças. Mesmo os mais machões, que fingem ignorar a vestimenta da fêmea -reservando-se apenas a dar chiliques quando as vestes são muitas curtas.
Seja um  vestido Yves Saint Laurent (foto), um cara tão importante para as artes no geral quanto um  Proust  ou um Monet, seja  um baratinho e brejeiro de chita.
Homem que é homem, seja de Paris, Nova York ou do sertão dos Cariris, como o meu avô João Patriolino, vai à maison, às Casas Pernambucanas ou à feira do seu município e traz uma bela peça ou um tecido de presente para a amada.
Até mesmo o Fabiano, que mal tinha um cobre no bolso, personagem do livro “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, voltava da cidade com um corte de pano estampado para a sua mulherzinha magra, só o couro e o osso.
V de verão e V de vestido para deixar mais faceiras as gazelas, para dar mais graça às cheinhas, para realinhar a beleza nobre das afilhadas de Balzac…
A peça nos põe, homens de todas as gerações e gostos, mais românticos. O mais tosco dos canalhas sucumbe como um romeiro de joelhos diante da santa.
Ora, você nem carece ser a mais bela por completo,  você carece ter apenas uma linda parte pelo todo, como aquela figura de linguagem, a tal da metonímia que aprendemos no colégio.
Mulher é parte pelo todo. Uma linda omoplata, um pescoço, ombrinhos, pés, calcanhares mais lindos, um joelho à Nara Leão, batatas de pernas invejáveis, belos braços, “Uns braços”, como me alertou a amiga Aína sobre o conto genial de Machado de Assis -um jovem mancebo enlouquece apenas pelos braços descobertos de uma dama.
Aí ficará ainda mais linda de vestido, ao contrário das calças e outras tantas armaduras medievais que escondem o que nos enlouquece, o melhor dos nossos mundos.
Esconder, achando que pode ser vantajoso depois, é besteira. O charme é mostrar-se, ter a coragem, mesmo com o que você supõe ser uns quilinhos a mais.
Na balança das nossas retinas e trenas, isso pode ter importância de menos, quase nada, alguns gramas de preconceito e viadagem na cabeça de homens que  não valiam a pena mesmo.
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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014


É difícil traduzir a saudade...


 

Lista que enumera 10 palavras mais difíceis de traduzir tem saudade em 7º.
Profissionais usaram a 'língua universal da imagem' para representá-la.


Fábio Brandão, de Pouso Alegre, MG: 'Saudade é quebrar a física, saudade é estar em dois lugares ao mesmo tempo. É o perfume da memória e a ausência presente' (Foto: Fábio Brandão / Arquivo pessoal)Fábio Brandão, de Pouso Alegre, MG: 'Saudade é quebrar a física, saudade é estar em dois lugares ao mesmo tempo. É o perfume da memória e a ausência presente' (Foto: Fábio Brandão / Arquivo pessoal)
Tradução indefinida
De acordo com a tradutora e professora do curso de letras do Centro Universitário do Sul de Minas, Ana Amélia Furtado, apesar de não haver um consenso sobre a origem do vocábulo “saudade”, a teoria mais aceita é de que ela veio do latim. “Saudade viria de solitate, que significa ‘isolamento, solidão’. Está presente no imaginário coletivo dos falantes portugueses desde a época das navegações, período em que se emigrava com frequência”, explica.
Glauco Lima, de Alpinópolis, MG: 'Saudade para mim é uma forma de lembrança que cada um guarda em sua memória, talvez em um pequeno pedaço de papel, ou até mesmo em forma de uma fotografia. É aquele momento em que, quando você pode revê-lo ou senti-lo, passa uma história diante de seus olhos'. (Foto: Glauco Lima / Arquivo pessoal)Glauco Lima, de Alpinópolis, MG: 'Saudade para mim é uma forma de lembrança que cada um guarda em sua memória, talvez em um pequeno pedaço de papel, ou até mesmo em forma de uma fotografia. É aquele momento em que, quando você pode revê-lo ou senti-lo, passa uma história diante de seus olhos'. (Foto: Glauco Lima / Arquivo pessoal)
A empresa britânica de tradução Today Translation enumerou em seu site as 10 palavras estrangeiras de mais difícil tradução em outras línguas e a palavra portuguesa ‘saudade’ aparece em sétimo lugar. Para chegar à lista, foram ouvidos pela empresa mil tradutores de diversas nacionalidades.
A professora de letras concorda com a posição da palavra saudade na lista britânica. “Se considerarmos que, no processo tradutório, uma palavra equivaleria necessariamente a outra palavra, sim, a palavra ‘saudade’ é difícil de ser traduzida, pois o tradutor precisaria usar períodos maiores, expressões e até explicações para traduzir este sentimento”, afirma Ana Amélia.
Rafael Simioni, de Pouso Alegre, MG: 'Qual é o contrário da saudade? Se fosse a presença, então saudade seria só ausência. Mas saudade é mais que ausência: é também esperança. Por isso a saudade não olha apenas para trás. Ela também nos guia para o futuro que nós esperamos. Saudade é a expectativa da alma'. (Foto: Rafael Simioni / Arquivo pessoal)Rafael Simioni, de Pouso Alegre, MG: 'Qual é o contrário da saudade? Se fosse a presença, então saudade seria só ausência. Mas saudade é mais que ausência: é também esperança. Por isso a saudade não olha apenas para trás. Ela também nos guia para o futuro que nós esperamos. Saudade é a expectativa da alma'. (Foto: Rafael Simioni / Arquivo pessoal)
Na explicação da professora de letras, o que torna a saudade difícil de se traduzir é que não existe um sinônimo da palavra que possa ser adaptado para outras línguas. “Para dizer que se está com saudades, geralmente no inglês usa-se ‘I miss you’, no francês ‘Tu me manques’ (traduzindo ao pé da letra as duas línguas, ‘sinto sua falta’ ou ‘você me faz falta’).  Realmente, o português (e também o galego) tem uma só palavra para designar este sentimento específico que mistura falta, separação, tristeza. Dessa forma, acredito não haver um sinônimo para ‘saudade’, pois a palavra tem um significado e uso particular que nenhuma outra palavra da língua tem”.
Mauricio Almeida, de Pouso Alegre, MG: 'Saudade é a presença inapelável de uma ausência'. (Foto: Mauricio Almeida / Arquivo pessoal)Mauricio Almeida, de Pouso Alegre, MG: 'Saudade é a presença inapelável de uma ausência'. (Foto: Mauricio
 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Nesse dia você descobre que merece o melhor da vida...


Tenha paz de espírito...


Nunca mate seus sonhos...

Matando os sonhos


” O primeiro sintoma de que estamos matando nossos sonhos é a falta de tempo. As pessoas mais ocupadas que conheci na minha vida sempre tinham tempo para tudo. As que nada faziam estavam sempre cansadas, não davam conta do pouco trabalho que precisavam realizar, e se queixavam de que o dia era curto demais: na verdade, elas tinham medo de combater o Bom Combate.
“O segundo sintoma da morte de nossos sonhos são nossas certezas. Porque não queremos aceitar a vida como uma grande aventura a ser vivida, passamos a nos julgar sábios, justos e corretos no pouco que pedimos da existência. Olhamos para além das muralhas do nosso dia-dia, ouvimos o ruído de lanças que se quebram, o cheiro de suor e de pólvora, as grandes quedas e os olhares sedentos de conquista dos guerreiros. Mas nunca percebemos a alegria, a imensa Alegria que está no coração de quem está lutando, porque para estes não importa nem a vitória nem a derrota, importa apenas combater o Bom Combate.
“Finalmente, o terceiro sintoma da morte de nossos sonhos é a Paz. A vida passa a ser uma tarde de Domingo, sem nos pedir grandes coisas, e sem exigir mais do que queremos dar. Achamos então que estamos maduros, deixamos de lado as fantasias da infância, e conseguimos nossa realização pessoal e profissional. Mas na verdade, no íntimo de nosso coração, sabemos que o que aconteceu foi que renunciamos à luta por nossos sonhos, a combater o Bom Combate.
” Quando renunciamos aos nossos sonhos e encontramos a paz, temos um pequeno período de tranquilidade. Mas os sonhos mortos começam a apodrecer dentro de nós, e infestar todo o ambiente em que vivemos.
“Começamos a nos tornar cruéis com aqueles que nos cercam, e finalmente passamos a dirigir esta crueldade contra nós mesmos. Surgem as doenças e as psicoses. O que queríamos evitar no combate – a decepção e a derrota – passa a ser o único legado de nossa covardia. E um belo dia, os sonhos mortos e apodrecidos tornam o ar difícil de respirar e passamos a desejar a morte, que nos livra de nossas certezas, de nossas ocupações, e daquela terrível paz das tardes de domingo.”
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Petrus foi o meu guia no Caminho de Santiago, experiência que contei em do livro “O Diario de um Mago” (1987)