quinta-feira, 30 de janeiro de 2014


É difícil traduzir a saudade...


 

Lista que enumera 10 palavras mais difíceis de traduzir tem saudade em 7º.
Profissionais usaram a 'língua universal da imagem' para representá-la.


Fábio Brandão, de Pouso Alegre, MG: 'Saudade é quebrar a física, saudade é estar em dois lugares ao mesmo tempo. É o perfume da memória e a ausência presente' (Foto: Fábio Brandão / Arquivo pessoal)Fábio Brandão, de Pouso Alegre, MG: 'Saudade é quebrar a física, saudade é estar em dois lugares ao mesmo tempo. É o perfume da memória e a ausência presente' (Foto: Fábio Brandão / Arquivo pessoal)
Tradução indefinida
De acordo com a tradutora e professora do curso de letras do Centro Universitário do Sul de Minas, Ana Amélia Furtado, apesar de não haver um consenso sobre a origem do vocábulo “saudade”, a teoria mais aceita é de que ela veio do latim. “Saudade viria de solitate, que significa ‘isolamento, solidão’. Está presente no imaginário coletivo dos falantes portugueses desde a época das navegações, período em que se emigrava com frequência”, explica.
Glauco Lima, de Alpinópolis, MG: 'Saudade para mim é uma forma de lembrança que cada um guarda em sua memória, talvez em um pequeno pedaço de papel, ou até mesmo em forma de uma fotografia. É aquele momento em que, quando você pode revê-lo ou senti-lo, passa uma história diante de seus olhos'. (Foto: Glauco Lima / Arquivo pessoal)Glauco Lima, de Alpinópolis, MG: 'Saudade para mim é uma forma de lembrança que cada um guarda em sua memória, talvez em um pequeno pedaço de papel, ou até mesmo em forma de uma fotografia. É aquele momento em que, quando você pode revê-lo ou senti-lo, passa uma história diante de seus olhos'. (Foto: Glauco Lima / Arquivo pessoal)
A empresa britânica de tradução Today Translation enumerou em seu site as 10 palavras estrangeiras de mais difícil tradução em outras línguas e a palavra portuguesa ‘saudade’ aparece em sétimo lugar. Para chegar à lista, foram ouvidos pela empresa mil tradutores de diversas nacionalidades.
A professora de letras concorda com a posição da palavra saudade na lista britânica. “Se considerarmos que, no processo tradutório, uma palavra equivaleria necessariamente a outra palavra, sim, a palavra ‘saudade’ é difícil de ser traduzida, pois o tradutor precisaria usar períodos maiores, expressões e até explicações para traduzir este sentimento”, afirma Ana Amélia.
Rafael Simioni, de Pouso Alegre, MG: 'Qual é o contrário da saudade? Se fosse a presença, então saudade seria só ausência. Mas saudade é mais que ausência: é também esperança. Por isso a saudade não olha apenas para trás. Ela também nos guia para o futuro que nós esperamos. Saudade é a expectativa da alma'. (Foto: Rafael Simioni / Arquivo pessoal)Rafael Simioni, de Pouso Alegre, MG: 'Qual é o contrário da saudade? Se fosse a presença, então saudade seria só ausência. Mas saudade é mais que ausência: é também esperança. Por isso a saudade não olha apenas para trás. Ela também nos guia para o futuro que nós esperamos. Saudade é a expectativa da alma'. (Foto: Rafael Simioni / Arquivo pessoal)
Na explicação da professora de letras, o que torna a saudade difícil de se traduzir é que não existe um sinônimo da palavra que possa ser adaptado para outras línguas. “Para dizer que se está com saudades, geralmente no inglês usa-se ‘I miss you’, no francês ‘Tu me manques’ (traduzindo ao pé da letra as duas línguas, ‘sinto sua falta’ ou ‘você me faz falta’).  Realmente, o português (e também o galego) tem uma só palavra para designar este sentimento específico que mistura falta, separação, tristeza. Dessa forma, acredito não haver um sinônimo para ‘saudade’, pois a palavra tem um significado e uso particular que nenhuma outra palavra da língua tem”.
Mauricio Almeida, de Pouso Alegre, MG: 'Saudade é a presença inapelável de uma ausência'. (Foto: Mauricio Almeida / Arquivo pessoal)Mauricio Almeida, de Pouso Alegre, MG: 'Saudade é a presença inapelável de uma ausência'. (Foto: Mauricio
 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Nesse dia você descobre que merece o melhor da vida...


Tenha paz de espírito...


Nunca mate seus sonhos...

Matando os sonhos


” O primeiro sintoma de que estamos matando nossos sonhos é a falta de tempo. As pessoas mais ocupadas que conheci na minha vida sempre tinham tempo para tudo. As que nada faziam estavam sempre cansadas, não davam conta do pouco trabalho que precisavam realizar, e se queixavam de que o dia era curto demais: na verdade, elas tinham medo de combater o Bom Combate.
“O segundo sintoma da morte de nossos sonhos são nossas certezas. Porque não queremos aceitar a vida como uma grande aventura a ser vivida, passamos a nos julgar sábios, justos e corretos no pouco que pedimos da existência. Olhamos para além das muralhas do nosso dia-dia, ouvimos o ruído de lanças que se quebram, o cheiro de suor e de pólvora, as grandes quedas e os olhares sedentos de conquista dos guerreiros. Mas nunca percebemos a alegria, a imensa Alegria que está no coração de quem está lutando, porque para estes não importa nem a vitória nem a derrota, importa apenas combater o Bom Combate.
“Finalmente, o terceiro sintoma da morte de nossos sonhos é a Paz. A vida passa a ser uma tarde de Domingo, sem nos pedir grandes coisas, e sem exigir mais do que queremos dar. Achamos então que estamos maduros, deixamos de lado as fantasias da infância, e conseguimos nossa realização pessoal e profissional. Mas na verdade, no íntimo de nosso coração, sabemos que o que aconteceu foi que renunciamos à luta por nossos sonhos, a combater o Bom Combate.
” Quando renunciamos aos nossos sonhos e encontramos a paz, temos um pequeno período de tranquilidade. Mas os sonhos mortos começam a apodrecer dentro de nós, e infestar todo o ambiente em que vivemos.
“Começamos a nos tornar cruéis com aqueles que nos cercam, e finalmente passamos a dirigir esta crueldade contra nós mesmos. Surgem as doenças e as psicoses. O que queríamos evitar no combate – a decepção e a derrota – passa a ser o único legado de nossa covardia. E um belo dia, os sonhos mortos e apodrecidos tornam o ar difícil de respirar e passamos a desejar a morte, que nos livra de nossas certezas, de nossas ocupações, e daquela terrível paz das tardes de domingo.”
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Petrus foi o meu guia no Caminho de Santiago, experiência que contei em do livro “O Diario de um Mago” (1987)